Relatório – Projeto Viva + Periferia

Apresentação

O Projeto Viva + Periferia, realizado pela Associação dos Educadores Populares do Ceará em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania – Secretaria Nacional do Direito da Pessoa Idosa, teve como objetivo principal fornecer equipamentos de apoio assistencial que garantissem mais autonomia, dignidade e qualidade de vida a pessoas idosas acamadas e domiciliadas, residentes nas periferias brasileiras. A iniciativa buscou enfrentar desigualdades estruturais que afetam a população idosa em territórios periféricos, garantindo o direito ao cuidado, à saúde e à permanência segura no domicílio.

O projeto foi implementado no período de 01 de março de 2024 a fevereiro de 2025, contemplando cinco municípios do Baixo Jaguaribe (Limoeiro do Norte, Morada Nova, Quixeré, Russas e Tabuleiro do Norte – CE), alcançando plenamente a meta estabelecida de 125 beneficiários diretos.

Execução 

Data de execução: março de 2024 a setembro de 2025
Local: Região do Baixo Jaguaribe – Ceará (municípios de Limoeiro do Norte, Morada Nova, Quixeré, Russas e Tabuleiro do Norte)
Público participante: 125 pessoas idosas acamadas ou domiciliadas em situação de vulnerabilidade social
Organização responsável: Associação dos Educadores Populares do Ceará
Equipe técnica: Equipe multiprofissional contratada via editais públicos, com apoio da coordenação da entidade
Parceiros envolvidos: Ministérios dos Direitos Humanos e Cidadania, Secretarias de Saúde e Assistência Social dos municípios contemplados, lideranças comunitárias locais

Desenvolvimento das Atividades

A execução foi organizada em duas grandes etapas.

Na Etapa 1 – Estruturação do projeto, a entidade realizou a contratação da equipe técnica, aquisição de materiais de apoio administrativo e definição dos mecanismos de gestão, em conformidade com a legislação vigente (Lei nº 8.666/93). Também foram promovidas reuniões estratégicas com Secretarias de Saúde e Assistência Social dos municípios beneficiados, garantindo a divulgação do projeto, o estabelecimento de parcerias e a criação de fluxos de encaminhamento para as famílias. Reuniões periódicas de monitoramento permitiram alinhar ajustes e fortalecer a rede de proteção social.

Na Etapa 2 – Aquisição e distribuição de equipamentos, foram realizadas 147 visitas domiciliares de mapeamento e 375 visitas de acompanhamento e sensibilização, totalizando um extenso processo de diagnóstico das demandas locais. Essa metodologia garantiu maior assertividade na concessão dos equipamentos e possibilitou trocas e adequações conforme a adaptação dos(as) beneficiários(as).
O perfil identificado revelou maior concentração feminina (61%), com predominância de idosas com 81 anos ou mais (48%), seguido de 75 a 80 anos (27%) e 70 a 74 anos (9%). Destaca-se o alto índice de analfabetismo (43%) e baixa escolaridade, o que reforça desigualdades históricas de acesso à educação. Em termos de renda, 91% dependem de aposentadorias, com forte presença do BPC e pensões. Quanto às condições de saúde, os principais diagnósticos foram AD1 (53%) e AD2 (46%), com apenas um caso AD3, e limitações funcionais variadas (deficiências físicas, mental, visual, múltipla e auditiva).
Outro dado relevante foi o baixo acesso ao Cadastro Único e aos serviços do SUAS, além de dificuldades de acesso a medicamentos, com apenas 5% recebendo integralmente pelo SUS. As visitas também evidenciaram que 77% dos idosos vivem em casas próprias, embora apenas 34% disponham de saneamento básico adequado. O cuidado cotidiano recai majoritariamente sobre mulheres da família (filhas, esposas e parentes próximas), confirmando a feminização do trabalho de cuidado não remunerado.

Contribuições

Avanços:

  • O projeto cumpriu integralmente a meta de atender 125 pessoas idosas em situação de vulnerabilidade;
  • A entrega dos equipamentos promoveu ganhos diretos em autonomia, segurança e bem-estar;
  • O processo de mapeamento gerou um diagnóstico detalhado sobre o perfil da população idosa no Baixo Jaguaribe, subsidiando futuras políticas públicas;
  • Houve fortalecimento de redes comunitárias de cuidado e mobilização social em torno dos direitos da pessoa idosa;
  • Foi estimulada a reflexão sobre o reaproveitamento de equipamentos, conectando cuidado e sustentabilidade.

Dificuldades:

  • Limitações no acesso da população ao SUAS e aos serviços de saúde, sobretudo no fornecimento de medicamentos e atualização do Cadastro Único;
  • Desafios estruturais relacionados à baixa escolaridade, falta de saneamento básico e sobrecarga de familiares cuidadores.

Encaminhamentos:
O relatório aponta a necessidade de políticas públicas mais robustas de apoio ao cuidado domiciliar, estratégias de educação permanente em saúde e assistência, incentivo ao cadastramento no SUAS e ações integradas que reconheçam e apoiem o trabalho não remunerado das cuidadoras familiares.

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